Baltasar Sete-Sóis
Que mal fizeste tu ao mundo,
Se foi pela ganância de outros
Que te subtraíram uma mão?
Blimunda Sete-Luas,
Mulher liberta de futuro
Que vês as virtudes invisíveis do mundo,
Porque vagueaste nove anos sem rumo?
Sete-Sóis, de apelido Mateus,
Homem pragmático, homem simples,
Soldado, carniceiro, construtor e boieiro.
Sete-Luas, para tantos outros de Jesus,
Acolhes as vontades dos moribundos
E vives sem regras que te escravizem,
Vês às escuras o que os outros não vêm na luz.
Sete e sete vezes sete;
Sete sóis, sete luas, sete esferas celestiais,
Sete céus, sete planaltos do monte do purgatório, sete candelabros de ouro,
Sete colinas de Roma, sete reis, sete imperadores, sete igrejas,
Sete mares e sete maravilhas do mundo antigo.
Sete virtudes, sete pecados, sete sacramentos, sete trombetas de Jericó,
Sete tabernáculos, sete arcanjos no trono de Deus,
Sete degraus da Escada de Jacob;
Sete estrelas, sete candelabros, sete selos, sete cornos,
Sete pragas, sete olhos, sete trovões,
Sete os raios da luz sem fim, sete as cabeças da besta, sete as da Hidra,
Sete as de outros seres surreais e de outras aberrações.
Sete os dias da criação do mundo, sete os dias da semana,
Sete os dias de transformação da Lua;
Sete artes, sete cores do arco-íris, sete notas da escala musical.
Sete chakras, sete grupos de vértebras, sete orifícios craniais,
Sete anos por cada fase de transformação pessoal.